quarta-feira, 5 de março de 2014

Filme: 12 Anos de Escravidão


Na noite desta quarta-feira de cinzas, vi nos cinemas o filme ganhador do Oscar 2014, "12 Anos de Escravidão".

O drama histórico baseado em um livro de memórias escrito em 1853 por Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor num excelente papel) conta a interessante história verídica de Solomon Northup, um negro livre do norte dos EUA que é sequestrado e vendido como escravo para o Sul, onde passou doze anos sofrendo nas mãos de rudes donos de terra. O filme faz jus a toda premiação recebida.

Em 1841, Solomon é um escravo liberto, que vive em paz ao lado da esposa e filhos. ele é um violinista renomado, já tendo viajado por várias cidades e com muita cultura. Um dia, após aceitar um trabalho, ele é sequestrado e acorrentado. Vendido como se fosse um escravo, Solomon precisa superar humilhações físicas e emocionais para sobreviver.

Ao longo de doze anos ele passa por dois senhores, Ford (Benedict Cumberbatch) e Edwin Epps (Michael Fassbender), que, cada um à sua maneira, exploram seus serviços. Ver a dor enfrentada pelo personagem, traz muito mais do que a sensação de injustiça, mas o repúdio ao que o ser humano tem de pior: o preconceito. Tratar um semelhante como um escravo, é algo terrível, mas esta realidade ainda existe nos dias atuais, onde os ricos escravizam os mais pobres e acham tudo isso muito normal. Um ser humano não pode ser propriedade de outro, nem que este assine sua carteira de trabalho...

Repleto de cenas violentas, o filme mostra pouco do sofrimento enfrentado por tantos outros que não tiveram a mesma sorte de Solomon. Para ele, felizmente seu sofrimento durou apenas 12 anos... Quantos outros passaram a vida inteira tendo que lidar com a questão da escravidão.

Os brancos, alguns deles cristãos, até tratam Solomon com alguma dignidade, porém não o suficiente para conceder-lhe a liberdade ao qual o mesmo fazia jus. Ford tem até certa simpatia por Solomon, que passa a ser chamado de Platt, mas suas dívidas ultrapassam qualquer sentimentalismo que possa ter em relação àquele homem. Já Edwin Epps cita a escravidão, como se ela estivesse escrito na bíblia... Para os que acreditam, a bíblia não permite a escravidão, apesar de não declarar que ela é ilegal. Saiba mais o que a bíblia diz sobre a escravidão aqui.

O roteiro do filme é uma aula de cinema, explicando tudo, sem ser didático ou cansativo, mas deixando o enredo fluir naturalmente. O foco na relação de posse dos escravos, onde os negros são tratados como mercadorias, é explícito na cena onde aparece o sempre correto Paul Giamatti, fechando o primeiro arco. Então no segundo ato vemos os escravos servindo aos seus senhores nas atividades agrícolas, ou sendo espancados e humilhados em meio a chibatadas, estupros e tudo que se possa imaginar...


Com medo de ser punido, Platt esconde que é letrado. O personagem de Paul Dano personifica o medo que os escravos sentiam de seus carrascos. Quando Platt revela o segredo pela primeira vez, se decepciona com as consequências, quando sem esperança alguma, revela novamente sua história ao personagem de Brad Pitt, este sim, consegue reverter o quadro e libertar Solomon do regime de escravidão.

A estreante Lupita Nyong’o, que ganhou o oscar de atriz coadjuvante, está presente no clímax do filme, onde fica claro que o desejo de morte manisfetado por ela, talvez trouxesse menos sofrimento. Solomon/Platt observa tudo, sem poder fazer nada para mudar a situação.

Com excelentes atuações de todo elenco principal e de apoio, com direção de arte impecável, figurino bem característico da época, um roteiro excelente, a trilha de Hans Zimmer e especialmente a eficaz direção de Steve McQueen. Apesar de uma duração razoável, o filme não é cansativo, com o ritmo correto para passarmos pelos 12 anos sogridos de Solomon e nos emocionarmos no final quando de sua libertação. A cena do enformacmento na árvore, fala muito mais do que qualquer palavras que eu venha a escrever. Ela vai muito mais que o filme. Altamente recomendado. Nota 10,0/10,0.

Segue trailer:

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