quarta-feira, 15 de março de 2017

Fome de Poder


Drama Fome de Poder (The Founder, EUA, 2016), de John Lee Hancock chama atenção ao ser irônico e ambíguo ao mostrar a criação e a ascensão da rede de restaurantes de fast food McDonald’s, que ao receber uma grande demanda com uma grande movimentação de consumidores, chamou a atenção do até então vendedor de Illinois Ray Kroc (Michael Keaton) que fica impressionado com a velocidade com que os irmãos operam uma hamburgueria no Sul da Califórnia nos anos 50, e diante do potencial para a criação de uma franquia, hipotecou sua casa e adquiriu uma participação nos negócios dos irmãos Richard e Maurice McDonald no sul da Califórnia e, pouco a pouco foi eliminando os dois da rede, transformando a marca em um gigantesco império alimentício.

Por mais que falem mal da rede McDonald's no quesito alimentício, eu confesso que sou cliente frequente, especialmente do Mc Lanche Feliz, pois coleciono os brinquedos que são vendidos acompanhados do lanche, especialmente quando são relacionados a filmes. Pena que essa parte do marketing não é abordado pelo filme, que tem um ótimo primeiro ato, mas que enrola bastante no segundo, não aprofunda nos irmãos, focando em Ray Kroc e deixando claro a traição que ele fez com os verdadeiros idealizadores, de modo que o público fica indignado ao final da projeção. 

Esses problemas estão no roteiro, que não dá um ritmo adequado ao longa (exceto no primeiro ato). As atuações estão corretas, a trilha é imperceptível e a direção não deixa a desejar, mas também não apresenta nada além do convencional, tanto que as gravações foram feitas na maior parte do filme em uma única tomada, sendo o longa foi filmado em apenas 22 dias... Destaque para a cena quando Kroc vai ao cinema assistir Sindicato de Ladrões (1954) de Elia Kazan, talvez uma fonte de inspiração para a jogada que ele fez.

Gosto das cenas em que aparece a primeira esposa de Ray (Laura Dern), mostrando como o sucesso requer além da pessoa não ter escrúpulos, abdicar da própria família e da própria vida pela ganância do dinheiro e do poder. A bíblia fala claramente sobre a cobiça em 1 João 2:15-17: "Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo - a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens - não provém do Pai, mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre." O filme é cínico o bastante para atenuar o que Ray fez e mostrá-lo como um herói do capitalismo, como se a trapaça que ele fez, fosse algo correto e digno de ser copiado.

Como mostrado no filme, o primeiro McDonald's está localizado em San Bernardino, na Califórnia, as filmagens não foram feitas lá porque a região não tem mais a mesma aparência que tinha nos anos 1950. O proprietário do antigo Juan Pollo Chicken comprou o lugar e o transformou no museu do McDonalds. O mais antigo continua funcionando desde 1953. Acho inclusive que vale uma visita por quem estiver de passagem pelas redondezas...


Veja o trailer de Fome de Poder:

Um comentário:

  1. Michael Keaton apresenta um bom trabalho no papel do protagonista, conseguindo fazer com o que o espectador torça por ele no inicio de Fome de Poder e sendo cínico na medida certa quando necessário. Em 2016 houve estréias cinematográficas excelentes, mas o meu preferido foi o filme The Founder por que além de ter uma produção excelente, a história é linda. Inclusive, achei que é um filme ideal para se divertir e descansar do louco ritmo da semana. Eu gosto da forma em que ela esta contada, faz a historia muito mais interessante e boa.

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